Alisson Diego Batista Moraes



Biblioteca Pública Municipal Guimarães Rosa: 50 anos construindo aprendizados

Quando penso em nossa Biblioteca, recordo, dentre outras ternas lembranças, dos ensaios que lá fizemos com o Grupo de Teatro Vidas em Artes. Eu era um guri de 15, 16 anos e a Biblioteca representava o espaço mágico da leitura e da representação. Era como se os livros ganhassem vida plena em nossas interpretações teatrais. Aprendi, desde aquela época, que uma biblioteca é muito mais do que um mero espaço onde se guarda e se empresta livros. É, em essência, um ambiente de generoso convívio.

Biblioteca é lugares onde as ideias não aceitam grilhões. É o espaço do tríplice diálogo: com o livro, com nós mesmos e com o outro. É o reduto do pensamento, da reflexão, da pesquisa, da transformação do sujeito, da autonomia do raciocínio, da aprendizagem.

Biblioteca é o voo da imaginação pelos infinitos céus  do conhecimento humano. Não há biblioteca sem educação. Por isso, ao celebrar os 50 anos de nossa célebre biblioteca, jamais nos esqueçamos da necessidade de uma educação pública cada vez mais emancipadora. Lutar por isso é um dever que nos cabe a todos.

Às vezes, alguns futurólogos proclamam o fim dos livros físicos e a supremacia dos livros digitais, o que poderia significar o fim de bibliotecas e livrarias. Estou convicto de que isso não ocorrerá, mas ainda que aconteça, jamais significará o fim das bibliotecas, dentre outras razões, porque uma biblioteca nunca foi e nunca será um mero depósito de letras encadernadas. É, ao lado da escola e de nosso museu, templo perene do convívio, da memória, da cultura e da educação.

Em tempos nos quais se celebra a ignorância e a tosquice, a Biblioteca é um símbolo de nobre resistência ao proclamar o amor ao conhecimento, à literatura e à humanidade. Não vamos ser derrotados pela ignorância. Não! Não aceitamos isso porque temos em nosso sangue a resiliência dos cataguás e a força de nosso padrinho que nomeia o espaço: João Guimarães Rosa, o imortal mestre da metafísica do sertão.

Por falar no Rosa, dentre as milhares de geniais frases dele que podem ser citadas nesta ocasião jubilosa, fico com uma quase clichê, mas singularmente elucidativa: “O homem nasceu para aprender, aprender tanto quanto a vida lhe permita”. Onde há vida há cultura e aprendizado. Onde houver uma biblioteca, haverá esperança na humanidade!

Por fim, pensando em leitura e educação como pontes para a libertação da humanidade, lembro-me de uma música do Zé Geraldo (Voar, Voar). Numa das estrofes, diz o poeta mineiro:

“Descobrir o que há por trás do muro
O presente já é quase passado
Voar pra buscar futuro
Voar voar voar”.

Não há analogia mais profícua para a leitura. Ler é voar, descortinar horizontes, superar o presente que nos oprime e buscar futuros.

Vida longa à nossa memorável Biblioteca Pública Municipal Guimarães Rosa!

Pública! Rosiana! Emancipadora!

01/05/2020.



 


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